“E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, a ele ouvi.” – (LUCAS, capítulo 9, versículo 35.)

O homem, quase sempre, tem a mente absorvida na contemplação das nuvens que lhe surgem no horizonte. São nuvens de contrariedades, de projetos frustrados, de esperanças desfeitas.

Por vezes, desespera-se envenenando as fontes da própria vida. Desejaria, invariavelmente, um céu azul a distância, um Sol brilhante no dia e luminosas estrelas que lhe embelezassem a noite.

No entanto, aparece a nuvem e a perplexidade o toma, de súbito.

Conta-nos o Evangelho a formosa história de uma nuvem.

Encontravam-se os discípulos deslumbrados com a visão de Jesus transfigurado, tendo junto de si Moisés e Elias, aureolados de intensa luz.

Eis, porém, que uma grande sombra comparece. Não mais distinguem o maravilhoso quadro.

Todavia, do manto de névoa espessa, clama a voz poderosa da revelação divina: “Este é o meu amado Filho, a ele ouvi!”

Manifestava-se a palavra do Céu, na sombra temporária.

A existência terrestre, efetivamente, impõe angústias inquietantes e aflições amargosas. É conveniente, contudo, que as criaturas guardem serenidade e confiança, nos momentos difíceis.

As penas e os dissabores da luta planetária contêm esclarecimentos profundos, lições ocultas, apelos grandiosos. A voz sábia e amorosa de Deus fala sempre através deles.

XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2012. Capítulo 32.

Reflexões

Esta passagem bíblica relata a transfiguração de Jesus quando ele se retirou de perto da multidão, juntamente com os apóstolos Pedro, João e Tiago, para orar no monte Tabor. Quando essa passagem ocorreu, faltavam 40 dias para Jesus ser crucificado. No momento em que estava orando, algo inexplicável para aqueles homens simples ocorreu: o rosto de Jesus resplandeceu como o sol, suas roupas se tornaram brancas como a luz. Aproximou-se de todos uma nuvem que causou medo e espanto naqueles homens. Da nuvem ouviu-se uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, a ele ouvi. Essa passagem é muito significativa para nós espíritas, pois nos ratifica que Elias permanece ligado a Moisés, ambos representam a Antiga Aliança, da qual Moisés é o grande Legislador e Elias, um importante profeta que previu todos os acontecimentos da Era Cristã por meio de suas visões mediúnicas. A presença de ambos no Tabor representam um testemunho de que o Cristo viera para renovar e fazer o coroamento da Antiga Aliança com seus ensinamentos de amor a Deus e ao próximo, conforme a vontade do Pai.

Muitos são os pontos importantes a serem ressaltados neste estudo

• Moisés revogou a proibição de falar com os mortos vindo ele próprio demonstrar essa possibilidade
• Testemunho para a humanidade: os três discípulos transmitiram os fatos maravilhosos que presenciaram
• Testemunho do mundo dos espíritos: materialização de espíritos Moisés e Elias. O fenômeno se mostrou tão real que Pedro sugeriu construir tabernáculos para eles. Jesus, porém, quer que os nossos corações sejam os verdadeiros tabernáculos de seus ensinamentos
• Testemunho do próprio Jesus: Ele apresentou-se com o corpo imortal que ascenderia ao infinito. Isso foi possível graças ao fenômeno mediúnico da transfiguração que utilizou fluidos magnéticos dos grandes médiuns de efeitos físicos: Pedro, Tiago e João.
• Testemunho de Deus: confirmando a autoridade outorgada a Jesus (pela voz do Emissário Divino). Estabeleceu-se, dessa forma, claramente que a separação entre a figura do Pai e do Filho. O pai enviou o seu filho para divulgar e vivenciar os seus ensinamentos de amor.

Emmanuel aproveita essa passagem para nos ensinar a entender, o simbolismo da passagem de uma nuvem, que representa tantas tribulações pelas quais passamos: aflições, angústias inquietantes, projetos frustrados, esperanças desfeitas; todos esses sofrimentos e contrariedades da luta planetária contêm esclarecimentos profundos, lições ocultas, apelos grandiosos. Não podemos olvidar, no entanto, a voz sábia e amorosa de Deus que nunca nos abandona, nós é que, muitas vezes, não sabemos acolher os seus conselhos.